Startup não é religião Por Eduardo Nogueira Há tempos que venho querendo escrever a esse respeito, mas não havia uma boa oportunidade para falar sobre isso. Mas, graças às denúncias feitas pelo Guto Ferreira em seu bombástico artigo publicado hoje, o assunto se tornou mais do que necessário. Podemos dizer que nosso ecossistema de inovação e empreendedorismo já está de pé faz uns 15 anos, mas teve forte impulso após a crise de 2008, quando apenas o Brasil não foi impactado por ela, por "decreto presidencial", e apelidada de "marolinha". Para o Brasil correram todos os capitais, dos produtivos aos especulativos, e com eles veio uma sede de ganhos rápidos e exponenciais. A mídia, cumprindo seu papel dúbio, tratou de incentivar o "empreendedorismo de inovação tecnológica disruptiva de crescimento exponencial". De uma hora para outra a gente deixou de ver as micros e pequenas empresas como as salvadoras da economia para colocar esse guizo nas startups...
O brasileiro sempre foi um sujeito empreendedor, mesmo quando ainda vivíamos sob o domínio de Portugal. Sobreviver neste país nunca foi uma tarefa fácil, muito menos nos dias de hoje. O movimento empreendedor é forte onde há muitos problemas, desigualdades, legislações impeditivas e onde o Estado é ausente. O Brasil é tudo isso: um ambiente de grandes oportunidades, seja por leis restritivas, seja por falta de regulação ou por criatividade e intuição para antever demandas que ainda não estão explícitas. As crises internacionais e também as crises internas criam oportunidades para empreendedores oportunistas e os que estão no sufoco. Enquanto uns choram, outros vendem lenços; enquanto o engarrafamento é grande, outros oferecem quitutes; se o sol escalda, o que mata a sede é água; se há alguém precisando de algo, há outro alguém encurtando a distância para uma solução física ou digital. É assim que funciona. Pode haver tecnologia envolvida ou apenas a boa e simples mão amiga. Não ...